Up! Altas Aventuras

20/03/2020

Up! Altas Aventuras de Pete Docter é mais um grande sucesso da Pixar! Temos uma história envolvente e apaixonante, com lições e mensagens para pequenos e adultos, mas que agora vem a público combinada com uma delicadeza e uma magia rara, só vista antes nos grandes clássicos do estúdio do pai do Mickey. Ou seja, trata-se de um projeto que já nasce memorável.

A animação Monstros S.A. (2001), também foi dirigido por Pete Docter. E causa espanto perceber os elos de ligações entre os dois filmes, em como eles se comunicam. Se antes tínhamos um monstro peludo e uma menina chorona, agora os protagonistas são um velho rabugento e um escoteiro gordinho - ou seja, duas figuras antagônicas! E se no primeiro longa do cineasta a missão era mostrar que o desconhecido pode ser muito mais amigável do que se pode imaginar, dessa vez ele quer deixar claro como opostos podem compartilhar sonhos em comum. E, tanto lá quanto aqui, no fundo o que é dito é que a união pode fazer milagres. Independente do contexto em que esteja inserida.

Up: Altas Aventuras é composto por vários momentos marcantes. No prólogo conhecemos Carl Fredricksen (dublado por Ed Asner, no original, e por um ótimo Chico Anysio, no Brasil), um menino tímido, mas que no seu íntimo guarda um forte espírito aventureiro. Ele encontra uma alma gêmea em Ellie, uma menina espevitada e maluquinha. Desde crianças se tornam inseparáveis, seguindo o rumo natural das coisas: se apaixonam, casam e vivem juntos até a morte dela. Sozinho novamente, ele se dá conta de dois lamentos: nunca tiveram filhos (por questões de saúde) e não chegaram a realizar o maior sonho dela, que era conhecer um lugar místico na América do Sul chamado 'Paraíso das Cachoeiras'! É quando decide amarrar milhares de balões na própria casa e partir nessa louca empreitada. O que ele não contava, no entanto, é com o roliço Russell, um garoto determinado a receber uma medalha por 'prestar ajuda a um idoso'. Juntos, os dois passarão por alguns perigos, dificuldades e descobertas, como uma ave exótica e muito colorida e cachorros que falam, até se depararem com um inimigo à altura do desafio assumido - e que testará todos os limites deles!

Se há algum porém, é o efeito 3D, que acaba virando coadjuvante, como um acréscimo no pacote que em nenhum momento chega a ser fundamental. Este é um filme que fala com todos os nossos sentidos, aquecendo o coração, alertando a mente e contagiando sorrisos por todos os lados. Uma trama de superação, divertida e muito bem estruturada, que comove na medida certa, sem ser adocicada demais, e que ao mesmo tempo é acelerada e dinâmica sem prejudicar seu desenvolvimento. Um acerto do início ao fim, competente em combinar todos os elementos mais característicos das melhores produções Disney com a técnica e um visual arrebatador, tão identificável com a Pixar. Nada menos do que genial!

Critíca: Robledo Milane

DICA: Filme disponível no Catalógo da Netflix

A história real da mulher que inspirou o filme "Up: altas aventuras"

A dona da casa tinha um motivo muito especial para não vendê-la, mesmo diante da oferta de um milhão de dólares. Seu nome era Edith Macefield e ela nasceu em Oregon em 1921. Ainda muito jovem, aprendeu francês e alemão e se mudou para a Inglaterra. Contava sobre si mesma que havia sido espiã britânica na Alemanha, que havia escapado do campo de concentração de Dachau e que aprendeu a tocar clarinete graças ao seu primo, o legendário músico de jazz Benny Goodman.Ao acabar a 2ª Guerra Mundial, ela permaneceu na Inglaterra, atendendo órfãos de guerra. Tornou-se especialista em ópera e grande fã de Sinatra e Greta Garbo. Sua vida continuava sendo divertida e louca até que, em 1965, sua mãe ficou gravemente doente e ela voltou aos Estados Unidos para acompanhá-la. Sua mãe morava em uma casa de Seattle e lá morreu poucos anos depois. Para conservar sua lembrança, ela decidiu ficar morando lá. Para sempre.Pensando em sua mãe, em 1994, escreveu e editou com um pseudônimo um romance de 1.138 páginas, intitulado "Where Yesterday Began". Em sua introdução, dizia: "Esta história é para todos aqueles que alguma vez amaram verdadeiramente, profundamente, irremediavelmente, inclusive em meio a um desastre. Para alguns, o amor simplesmente morre e cada um segue o seu caminho. Mas para outros, o amor é tão duradouro quanto o tempo, apesar das impossibilidades, da separação, da solidão segura". E aqui começa a nossa história... No início de 2006, quando ela tinha 85 anos, um homem chamado Barry Martin se incorporou ao seu novo emprego como gerente de construção de um luxuoso centro comercial na cidade de Seattle. Os promotores haviam conseguido comprar todos os lotes, exceto a casa de Edith. Portanto, a primeira missão de Barry foi convencer a idosa a vendê-la.Ela imaginou que a via diplomática seria a melhor: "Bom dia, Sra. Macefield - começou Barry. Eu só vim avisá-la que hoje faremos muito barulho na construção. Se a senhora tiver qualquer problema, este é o meu telefone".Edith aceitou o cartão e, poucos dias depois telefonou para Barry para pedir-lhe... que a levasse ao cabeleireiro. "Eu já não consigo dirigir meu velho Chevrolet Cavalier", desculpou-se Edith. E assim começou uma grande amizade.Quando Barry lhe perguntou por que ela não queria vender sua casa, apesar de terem lhe oferecido um milhão de dólares e uma casa em outro bairro de Seattle, Edith respondeu: "Eu não quero me mudar. Não preciso do dinheiro. O dinheiro não significa nada para mim. Esta é a minha casa. Minha mãe morreu aqui, neste sofá. Eu voltei da Inglaterra para os Estados Unidos para cuidar dela. Ela me fez prometer que eu a deixaria morrer em casa, e não em um asilo. Cumpri minha promessa e é aqui onde quero morrer também, na minha própria casa, neste sofá". A história de Edith e da sua rejeição à generosa oferta foi divulgada pela imprensa e chegou aos ouvidos dos responsáveis da produtora Pixar.A consequência foi "Up: altas aventuras", uma maravilhosa história de amor na qual um homem decide honrar a lembrança de sua esposa salvando a casa em que viveram tantos anos de felicidade.O filme estreou em 2009, mas Edith não pôde assisti-lo, porque um câncer no pâncreas acabou com a sua vida em 15 de junho de 2008. Barry cuidou dela até o final.E o que aconteceu com a casa? Quem a herdou foi Barry, que, ao invés de oferecê-la aos seus antigos chefes, decidiu manter a lembrança da sua corajosa amiga e vendê-la a uma pessoa que se comprometeu a conservá-la como Edith a deixou.E tudo foi feito assim, como você pode ver na foto com os balões de "Up: altas aventuras".

Artigo: Juan Jesús Cózar

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